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domingo, 28 de setembro de 2014

RODRIGO RODRIGUES
15/09/2014 14:35:12

A GRANDE CHANCE

O discurso crasso contra a corrupção e de construções de hospitais virou bananinha de bulicho.


Comungo da opinião da maioria de que as eleições deste ano estão insossas, um verdadeiro picolé de chuchu de tão sem graça. Com convicção afirmo que mais de 40 % do eleitorado ainda não decidiu em quem votar para governador, mais de 60% não decidiu em quem votar para deputado estadual e mais de 70% não decidiu em quem votar para deputado estadual.

Esses índices caracterizam um desinteresse geral da população, fruto das repetitivas e soníferas propostas baseadas no tripé saúde, educação e corrupção. O debate também é pobre e não estimula a militância. A população de baixa renda, que éa maioria dos eleitores, como a dona Maria, que mora lá na periferia de Cuiabá, nos assentamentos ou nas pequenas cidades de Mato Grosso afora, ainda não enxergou qual o real benefício que terá com a vitória de um ou de outro candidato.

O discurso crasso contra a corrupção e de construções de hospitais virou bananinha de bulicho. Nesta semana que passou, um fato novo e relevante pode dar uma apimentada na campanha para governador.

José Geraldo Riva teve seu registro de campanha indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em seu lugar assumiu o posto de candidata a governadora, sua esposa Janete, que j áentra para a história como a primeira candidata a governadora de Mato Grosso. 

Janete Riva veio para Mato Grosso com dezesseis anos, jácasada, e ajudou a desbravar o norte do estado e aos dezessete anos jáera primeira dama do hoje próspero município de Juara. Enquanto alguns candidatos moravam no rico interior de São Paulo, sendo sustentados pela mãe, levando uma doce vida de estudante da classe média, Janete convivia com todas as adversidades de viver numa pequena cidade no meio da Amazônia na década de 1980.

De todos os candidatos a governador, é a única que já sentiu na pele o que é a falta de saúde, o que é estradaprecária e o que é a malária e todos os outros problemas que afligem até hoje quem mora no interior de Mato Grosso e, até mesmo, nos grandes centros. No anúncio de sua candidatura, Janete deixou claro que nāo veio a passeio e mandou um duro recado ao concorrente Pedro Taques, dizendo que há corrupção na campanha dele. A candidata do PSD foi prontamente rebatida. Fiel a sua estratégia de fugir dos embates e dos debates, Pedro Taques escalou Piveta para responder à acusação. Otaviano Piveta, prefeito de Lucas do Rio Verde e coordenador geral, de forma irônica convidou Janete a mostrar onde está a corrupção na campanha.

Sabendo que Janete é uma mulher corajosa, que já enfrentou até onça no meio do mato, se eu fosse ela aceitaria o convite. Nāo só investigaria a corrupção na campanha de Pedro Taques, como iria muito além. Esclareceria de vez, por exemplo, “o grande golpe da Cooperlucas”, que desviou em valores corrigidos hoje,  mais de três bilhões de reais, dinheiro que daria que para construir hospitais em todos os municípios de Mato Grosso, asfaltar e duplicar todas as nossas estradas e sobraria para construir escolas de primeiro mundo. Porém esse dinheiro está na mão de meia dúzia de milionários ditos do agronegócio. Aproveitaria também o convite para ajudar a desvendar o grande mistério da operação Ararath, que é o senhor Fernando Mendonça, amigo pessoal e maior doador de campanha do senador Pedro Taques, que mantinha como funcionaria em seu gabinete a filha do amigo doador e que é dona de uma empresa de fachada no Panamá, para lavagem de dinheiro. E para não perder a viagem aprofundaria no caso de corrupção do DNIT, que causou a exoneração de Luis Antonio Pagot, também coordenador de Taques. Segundo o próprio senador Pedro Taques esbravejou da tribuna do senado, o DNIT era tomado por mafiosos.

Ajudaria o Piveta e ,consequentemente, o senador Pedro Taques a investigar um outro caso gravíssimo envolvendo um outro aliado deles. A fraude do leilão de uma mineradora no TRT, que foi duramente denunciada pelo Ministério Publico Federal, tornando o tal aliado em réu. E nāo pararia por ai, ajudaria a colocar em pratos limpos a mal fadada privatização da Sanecap em Cuiabá, feita por outro aliado, chamado Chico Galindo.

Investigaria o cartel de preços de combustíveis em Mato Grosso, chamado de máfia de combustíveis, a farra dos incentivos fiscais e a operação Quimera, que botou na cadeia o sogro do candidato Pedro Taques. Mas para que se obtenha sucesso nessa empreitada é necessário, acima de tudo, que os senhores Otaviano Piveta, Pagot, Eraí Maggi e, principalmente, Pedro Taques e sua esposa quebrem seu sigilo fiscal e bancário para garantir o esclarecimento de todas essas questões.

Acredito que foi dada a Janete uma grande chance, pois caso ela aceite o convite e consiga ajudar a justiça a punir os culpados e restituir parte do dinheiro desviado aos cofres púpúblicos, não precisaria nem ser governadora, já teria prestado um relevante e inestimável trabalho ao povo de Mato Grosso e do país.
  

RODRIGO RODRIGUES é jornalista

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